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    A Estrangeira

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    • Furo

      Dezembro 25th, 2022

      Na cavidade de si já oca
      abriu-se um buraco
      nascido da força
      do que não foi dito.
      Fugiu-lhe o ar.
      Espaço ocupado pelo vácuo.
      Na ausência das palavras
      o sentido encontra-se
      no silêncio dilacerante do inominável.

    • Nós

      Dezembro 25th, 2022

      À noite
      balança o vento
      o lençol lavado do sal.
      Marcas que outrora
      no tecido estiveram.
      Livres
      flutuam acima do alcançável, revelando a poesia rabiscada.

      Corpos feito nuvem
      transportada pelo céu de Ícaro.
      O vapor dos anos

      no etéreo vive.

    • The Blue Bird

      Dezembro 25th, 2022

      There’s a cage where I live
      the floor is wet with salt and sorrow
      The grids,
      cigarette smoke wrapped up with
      melancholy.
      The one who possesses the key to set me free
      struggles with himself to keep me
      hide
      locked
      drowned in cheap whiskey
      that keep my eyes half-shut
      and I can even see if there’s still any life left in him.
      He knows I want to get out
      take a breath
      sing a song
      but he’s tough
      and is too afraid that
      the purity of my call
      can daze the hard work that takes to keep
      a bird in a cage.
      Sometimes he listens to me
      and we sleep together.
      This nearness brings him back
      the remnants of
      love
      freedom
      and a life
      once desired
      once lost.
      He’s strong enough
      till the weight of my feathers
      caresses his face.

      Advertisement
    • Para Charles

      Dezembro 25th, 2022

      Penas a baterem rasgam o silêncio

      E com uma brisa despertam-me da letargia

      deixando voar o pó do tempo

      revelando o que se pensava esquecido.

      Asas azuis que iluminam o lugar mais profundo

      de onde ecoa um grito de vida.

      Peço que te cales.

      Levei uma vida para me conformar que o lugar do belo era onde a luz não alcançava.

      Meu vício deixar-te-á tonto. E a mim absorto

      na árdua tarefa de te manter dominado.

      Guarda o teu canto para quando eu não puder ouvi-lo.

      Os idiotas sorridentes que encontro todos os dias não sabem o quanto esta alegria gratuita extenua a minha desesperança.

    • Colaborações

      Dezembro 25th, 2022

      Curated by Girls

      Cherry Deck

      Container Love

    • Persona

      Dezembro 15th, 2022

      A luz na escuridão aquece o frio do breu até queimar a si mesma

      É fogo que faz faísca na descoberta das ideias

      Da vida que quer nascer

      No verso que é pavio à espera de ser

      Luz

      A arte noir que esconde todas as cores na brincadeira do palhaço que ganha vida 

      Só é visível para quem sabe enxergar além do que vê.

      Como o complexo da simplicidade monocromática encerrado na íris

      Essência do ser que se esvai sem poder ter sido tocada

      A não ser pelas mãos pejadas de sangue e suavidade ainda quentes de um corpo que jaz.

      Como uma entidade suprema está em todo lado e lado algum.

      Nada a agarra.

      Nem as mãos pregadas num gesto seco para que ela não se apague.

      Nem as mãos perdidas da criança à procura de alcançá-la através dos olhos da mãe.

      A inocência como a barbárie, a claridade como a sombra, só existem porque se reconhecem uma na outra. É a consciência da escuridão que leva a procurar a luz.

    • Nós

      Dezembro 15th, 2022

      À noite
      balança o vento
      o lençol lavado do sal.
      Marcas que outrora
      no tecido estiveram.
      Livres
      flutuam acima do alcançável, revelando a poesia rabiscada.

      Corpos feito nuvem
      transportada pelo céu de Ícaro.
      O vapor dos anos

      no etéreo vive.

    • Estereótipos

      Dezembro 13th, 2022

      Há palavras cuja etimologia transmite com exatidão o seu significado e a forma como este é concretizado nas nossas vivências. Com origem no grego, stéreos > sólido, týpos > molde, estereótipo é a caracterização redutora de algo, alguém ou um grupo de pessoas – normalmente sobre representado – comummente aceite por hábitos de julgamento, desconhecimento ou superficialidade de análise. Capturam uma tendência, ajudam-nos a classificar o mundo à nossa volta e permitem-nos construir uma imagem do outro ensinando-nos a agir.

      A nossa mente heurística está sempre à procura de padrões em tudo. Esta habilidade fez parte da nossa evolução enquanto seres humanos para que, numa primeira instância, o nosso instinto de sobrevivência agisse imediatamente face a um perigo eminentemente desconhecido.

      Assente nas observações do dia-a-dia, de ideias intrínsecas que se desenvolvem a partir da nossa personalidade e consciência única e da influência do meio, seja este a família, amigos e ambiente no qual estamos inseridos física ou digitalmente, justificamos e legitimamos as relações de poder existentes numa sociedade.

      O hábito de estereotipar tem em si uma carga negativa porque a seguir a ele, caso o conceito seja criado de forma errada ou parcial, forma-se o preconceito, que é um estereótipo negativo. Quando este conceito vem carregado de uma componente emocional e torna-se em discriminação, que é o preconceito em prática. Mas nem sempre um estereótipo está relacionado com algo depreciativo. A ideia de que os alentejanos são asseados ou de que os melhores cantores de jazz são negros são apenas dois destes exemplos.

      A boa notícia é que os estereótipos sendo um produto da nossa mente, não são conceitos fixos e podem ser trabalhados desde que se proponha conhecer melhor o outro e ter a consciência de que ao fazer isto está também a conhecer a si próprio. É fácil classificarmo-nos uns aos outros através de meros grupos de pertença: o imigrante brasileiro, o retornado angolano, a loura com corpo definido, o tatuado com a camisola do clube, a miúda com um véu no cabelo e o miúdo de óculos e olhos rasgados. Mas se questionarmos sobre quem destes gosta de um bom bife, prefere férias no campo, teve um desgosto amoroso ou tem filhos, veremos que a realidade de cada um de nós é tão plural que se torna impossível não pararmos para refletir. Mesmo diante da diversidade, a nossa condição humana pode sim ser o nosso fator de agregação.

      Refletir criticamente sobre termos que estão arraigados no nosso discurso é outra das formas de dirimir a construção de falsos estereótipos. Por exemplo: afirmar que todos os idosos têm manias, a maioria dos idosos tem manias e alguns idosos têm manias tem o mesmo significado? E cada uma destas frases é em si uma verdade? Com certeza que quando se começa a pensar nelas, lembramos de pessoas de idade que conhecemos e é desta reflexão que nasce a desconstrução de uma ideia muitas vezes malformada ou particularizada.

      A forma como nos comunicamos e interagimos em sociedade é o reflexo da nossa forma de estarmos no mundo. Repensar situações que nos levaram à construção de um estereótipo negativo e estabelecermos o distanciamento entre a situação ou pessoa e a sua representação num grupo maior é um exercício essencial para que não sejamos nós mesmas vítimas do preconceito alheio.

      O respeito, a compreensão e a empatia devem ser os valores a colocar em prática quando entramos em contato com o desconhecido. Há mais coisas em comum entre todos nós do que um mero e superficial contato pode supor.

    • Despedidas

      Dezembro 13th, 2022

      Pensar no fim de um ciclo, como acontece depois do Natal é muitas vezes uma tarefa difícil. É sempre certo que o dia 31 de dezembro chega e com ele aquela inevitável retrospetiva de tudo o que vivemos 365 dias para trás, das promessas que foram feitas exatamente há um ano e de tudo o que foi ou não cumprido neste período que agora termina. Esta altura sempre trás a sombra da finitude, e com ela a certeza das despedidas.

      Assim como quem pensa que a passagem do ano tudo muda, historicamente, o ideal romântico pregava uma atitude de isenção e neutralidade, a apatia da aceitação e colocava a solução como um gesto único:  alguém morreria ou nasceria e tudo ficaria resolvido, algo novo surgiria para mudar tudo de uma só vez, um milagre, um raio divino. Há ainda quem crê que a partir da meia noite de 01 de janeiro tudo se vai resolver. Mas quando esta ideia acaba por ser frustrada porque é um ideal saturado, pouco verosímil e potencialmente falho, o sujeito crente do absurdo sucumbe-se na melancolia.
      Desta forma, os rituais de encerramento podem ser de grande ajuda na hora de simbolizar eventos e acontecimentos traumáticos. E entre términos e traumas a travessia torna-se possível através da simbolização e elaboração mental e sentimental do que aconteceu.

      Pensar caminhos de saída, resolução e até de esperança pode ser uma direção a ser tomada e que não erra pela opção fácil de um dos mantras da fuga da realidade: daqui para frente tudo vai ser diferente. Fiar-se nisto pode ser o caminho mais fácil para uma desilusão repartida ao longo de mais um ano. Por outro lado, refletir criticamente sobre onde se errou, o que se aprendeu e o que fazer com o que ficou, leva à um amadurecimento emocional e intelectual que potencialmente faz com que se vá buscar aquilo que ficou para trás e refazê-lo de maneira mais sensata e equilibrada. Não é preciso jogar fora algo que se quis e pelo qual se lutou.

      Na psicanálise, Freud elaborou o princípio da alternância entre o sumiço e o ressurgimento de um determinado objeto que se gosta e que se quer ter por perto ao observar o comportamento do seu neto diante da presença e ausência de um determinado brinquedo. Ainda hoje em dia, este vai e volta é muito importante para não correlacionar a ausência necessariamente com abandono e fazer um até logo menos doloroso porque em algum momento vai haver um adeus definitivo que vai precisar do simbólico e da linguagem para que este momento seja melhor aceite. Por isso é importante saber dizer adeus, o que pode ser dito, escutado, a história que se fica apesar do que acabou de ir embora. Saber fazer ligações é tão importante como saber desfazê-las.

      Mas o que colocar no lugar do que foi embora para não sofrer? Este exercício não tem nada a ver com positividade tóxica, mas sim reconhecer que o nosso desejo é flutuante como alguém que deixa um curso de medicina a meio para enfim reconhecer que o que queria na verdade era ser músico. Para se chegar a este ponto e olhar este novo espetro do desejo, é preciso encarar a perda, a frustração. É verdade que há perdas irreparáveis, especialmente àquelas ligadas aos nossos entes queridos, e para estas pode ser redentor pensar que nem sempre tudo terá um sentido. Ainda que o sentido da perda traga algum conforto tentar compreendê-lo obsessivamente pode levar a uma neurose ainda maior do que a que existia antes desta tentativa.  

      Na mitologia grega, Orfeu recebera ordens expressas para não virar para trás quando se encontrasse com Eurídice. Entretanto, ele faz exatamente o oposto o que leva a perda da sua amada. Que razão teria ele para o fazer se conhecia a pena? Terá sido o homem ou o poeta a fazê-lo? Ou Eurídice a pedi-lo? É tentador vasculhar os recônditos da alma na busca do sentido de um momento que gera um adeus. Mas não há um sentido único. Talvez nem a própria razão o conheça.

      É verdade que um fim repentino causa um aperto e uma angústia que nos faz questionar todos os por quês e tentar encontrar algum consolo numa eventual explicação. “O que eu fiz para merecer isso?” ou “porque estou a ser castigado?” este pendor de culpa pode levar a uma recuperação ainda mais difícil e o luto daquilo que se perdeu pode não acontecer ou levar muito tempo para ser elaborado, provocando ainda mais dor pelo caminho.

      Dar tempo ao tempo, aceitar as responsabilidades de cada parte pelo fim do que acabou é fundamental. Se era importante, vai levar tempo. Quanto maior o compromisso, maior o luto, sendo a auto compaixão e a empatia dois elementos imprescindíveis para que este processo cicatrize ao invés de continuar como uma ferida latente.

      Para sofrer menos e tapar o buraco que ficou, o ego preguiçoso muitas vezes vai recorrer a substituições. Citando Lacan, “cada um alcança a verdade que é capaz de suportar”. Claro que ninguém quer ficar deprimido, mas depois de muita elaboração mental, perguntar-se se o trauma foi superado ou reprimido é essencial para saber o quanto ainda tem de se caminhar até se chegar ao oásis do bem-estar.

      Proteger a psique constantemente impedindo que se viva e compreenda um processo pode levar à recorrência de um estado melancólico e em última instância à depressão. A psicanalista Maria Rita Kehl, em seu livro O Tempo e O Cão diz que “desde o romantismo o melancólico é aquele que perdeu o seu lugar junto ao outro”. Este estado é pungente quando se fica preso, identificado com a sombra do objeto perdido, como num luto congelado. Sabe-se que algo se perdeu, mas não o que se perdeu. A depressão já é uma forma mais agravada deste sentimento implicando um diagnóstico clínico e não a banalidade do uso do termo no cotidiano quando simplesmente se está triste.

      Então, como dizer adeus? Como não sofrer com uma partida de algo que no fundo não se queria perder?

      Criar um espaço através de um objeto simbólico dentro da narrativa pessoal de cada um e levantar um autoquestionamento sobre `o que fiz comigo e o que fiz com o que fizeram comigo` é o ponto de partida para que as emoções circulem e se busque um desenlace interno. Um trauma que não passou e se repete acaba por acontecer por não se conseguir esta elaboração. Afinal de contas, o inconsciente não é o passado, é o que não passou.

      Ritualizar a despedida pode ser um processo que permite à mente alguma compreensão acerca daquele sentimento. Tomar uma parte, momento vivido, gosto, gesto, causa ou missão do que ou quem se foi e trazer para dentro de si pode ajudar no processo de desapego. Pegamos num traço e carregamos uma lembrança. Uma amiga guarda a trança da mãe como uma recordação afetuosa. Por outro lado, quando este processo não é feito, o luto perdura e a sombra do objeto se recaia sobre o sujeito uma vez que a identificação é tão grande que o sujeito simplesmente se perde. É possível sair do luto investindo na libido enquanto energia psíquica, como conceptualizado por Jung, e aceitar que a perda acaba por gerar algo de bom.

      Sem reconhecer o luto pessoal e o reconhecimento de que somos todos humanos e, portanto, com defeitos e qualidades acaba-se por manter um estado de infelicidade que ultrapassa o pessoal e afeta o eu na coletividade. Aliás, em Uma questão de Morte e de Vida livro que Irvin Yalom escreveu com a sua mulher Marilyn enquanto ela lutava contra um cancro terminal, o prólogo inicia-se com a ideia de que “o luto é o preço que pagamos por ter coragem de amar os outros.”

      Vale lembrar que ao longo da vida, muitos cortes foram feitos naturalmente: largar o colo da mãe, as fraldas, a escola, a casa dos pais…todo um universo familiar que ao ser perdido levou ao encarar de um mundo desconhecido, mas que proporcionou a nossa evolução. Invariavelmente todos já passamos por estes pequenos lutos e só com esta consciência é que continuamos a viver.

      É importante fechar um ciclo para se abrir outro. Encarar com sensibilidade e humanidade as dores do que se perdeu, saber que nem tudo depende apenas da sua decisão e especialmente no que toca a relações, reconhecer e partilhar as responsabilidades pelo seu término. Apagar ou ignorar memórias que pelo bom e pelo mau nos formaram não trás qualquer solução. Apenas aquilo que ficar, depois de processado, compreendido e integrado num lugar de compaixão e gratidão será utilizado não para um começar de novo, mas antes, para um recomeço.

      Lís Barros

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    • A gente se acostuma, mas não devia.

      Dezembro 13th, 2022

      A deitar tarde e acordar cedo porque ficou muita coisa para fazer durante o dia. E assim o tempo que deveria ser de reparação passa a ser apenas um enrustido pedido de desculpas a tudo aquilo que ficou à espera de ser tratado.

      A gente se acostuma, mas não devia.

      A aceitar que já se acorda atrasado de um sono mal dormido. A ter que engolir um café à pressa porque se perder o transporte vai chegar tarde. E quando o apanha, a deixar a mente absorta mas alerta enquanto não chega a paragem certa.

      Ou a amaldiçoar-se por ter saído 15 minutos mais tarde o que teria evitado ficar numa fila de trânsito, perder a vaga para o estacionamento e a começar mais um dia a dizer que o dia já começou mal.

      A gente se acostuma, mas não devia.

      A perguntar como vai sem realmente se importar como se vai. E a responder tudo bem mesmo quando não está. A considerar esta pergunta simples e franca como um cumprimento e não um autêntico interesse. Como se, ao mentir piedosamente, não estivéssemos realmente interessados nem no outro nem na resposta que este pode ouvir de nós. A sermos ignorados quando precisávamos de ser vistos.

      A gente se acostuma a ver o trabalho como uma atividade que paga as contas. A nos questionarmos se vivemos para trabalhar ou se trabalhamos para viver, a repetir esta cantilena a cada momento de crise de talento e a encontrar as mesmas respostas como se pudesse haver um argumento diferente em algo que nós próprios não fazemos por onde alterar.

      A gente se acostuma a ter o telemóvel entre as mãos e passar milissegundos a procuro de distração, mas quando este tempo se torna minutos descobrimos que só queríamos aumentar a dose de sedativo mental no vazio do movimento mecânico do arrastar do dedo no ecrã. E depois, mesmo sabendo que não deveríamos ter feito isso, culpamo-nos por tê-lo feito.

      A gente se acostuma, mas não devia.

      A calar e comer, a não levantar a voz e ter uma opinião crítica. E não tendo uma posição deixamo-nos levar pelo que outros pensam e com isso parte de nós fica à mercê da manipulação alheia. Perdemos a voz quando não nos posicionamos e cedemos o lugar a quem fala mais alto mesmo sem saber o que fala.

      Acostumamo-nos a ligar a televisão e assistir a guerra. A achar que é tudo muito distante da nossa realidade pacífica. A achar que já é demasiado problemático o cotidiano de dormir pouco, comer a pressa, fazer transbordos e ocupar-se do trabalho, dos estudos, dos amigos, dos filhos. Nada disso entra nas estatísticas e no final do dia só a nossa consciência pode nos cobrar. Mas ela já está cansada e sempre há o compassivo alívio de alguém estar a fazer por nós algo – qualquer coisa – que deveríamos também fazer: preocuparmo-nos autenticamente com o outro.

      O impulso para a ação custa. E na inércia do automatismo da praxe vamos perdendo a nossa humanidade.

      A gente se acostuma, mas não devia.

      A olhar para o lado ao ver o sofrimento alheio. A esquecer que podíamos ser nós ali, a precisar de gestos de gentileza, palavras de encorajamento, de um elogio pelo esforço por um bom trabalho, pelo reconhecimento desta concretização.

      Acostumamos a não ligar para os pais, os avós, os tios. A não dizer amo-te mesmo quando não se está apaixonado. Habituamo-nos a esquecer que se estamos aqui é porque alguém nos deu chão, protegeu, acreditou e deu asas para voarmos e esta pessoa deve também receber a nossa gratidão nas nossas pequenas e grandes vitórias. É esta cadeia de esperança na beleza da bondade e do amor que faz valer a pena o caos que também faz parte deste mundo.

      A gente se acostuma, mas não devia.

      A evitar o sofrimento, a se preservar e manter uma atitude defensiva como modo de vida. E ao nos preservarmos do que é natural da vida, deixamos de vivê-la. E a vida, de tão acostumada que está de não ser vivida, perde-se de si.

      Passar incólume pela vida é ignorar a nossa essência humana e a infinidade de sentimentos que cada experiência pode nos proporcionar.

      Não se encontra a paz evitando as turbulências da vida. É da mistura de busca, realização, fracasso, resiliência, sucessos, deceções e tenacidade que a nossa história se forma, reforma, transforma e transcende.

      A gente devia se acostumar mais a isso.

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